Quem nunca ouviu a história de alguém que deixou os
seus parentes e sua terra natal para ir em busca de uma nova vida? No Brasil é
comum escutar histórias de famílias de descendência italiana, alemã e japonesa
que chegaram ao país em busca da realização dos seus sonhos, porém, no início,
enfrentaram dificuldades para se adaptarem ao clima, culinária e aos costumes
destas terras que, em breve, eles iriam desbravar.
Tudo isso ocorreu no século XX, quando o país estava
em processo de desenvolvimento, passado estes anos, muitos pensam que a imigração ocorreu somente
naqueles tempos, mas engana-se quem pensa assim, porque o Brasil atualmente
tornou-se rota de fuga para muitos refugiados de guerras e o destino que
milhares de haitianos escolhem para reconstruir suas vidas, que foram
devastadas juntas com o terremoto
que houve no Haiti em
2010.
Andando pelas ruas de São Paulo é fácil vê-los em
grupos pela cidade, eles falam a língua da sua terra natal, mas quando vão
tomar alguma informação de algum paulistano, os mesmos falam um português
arrastado e repleto de sotaques. Muitos deles entram no país pelo estado do
Acre, desembarcam na cidade de Brasileia e logo são despachados para a capital
paulista, o destino final dos haitianos são tanto no Terminal Rodoviário Tietê,
como no Terminal Barra Funda, e lá mesmo, como aconteceu com milhares de
nordestinos que migraram para São Paulo em busca de uma vida melhor, começa
para eles, haitianos, a ressurgir um fio de esperança e expectativa de
conquistar novos objetivos.
Após a chegada nos terminais rodoviários os imigrantes
são encaminhados para os abrigos localizados na região central da cidade, um na
Baixada do Glicério, na Igreja Nossa Senhora da Paz, aonde são abrigados
somente imigrantes haitianos e africanos e o outro no bairro da Liberdade, o ADUS (Instituto de Reintegração do Refugiado) que abriga várias
nacionalidades, entre elas os refugiados vindos do Oriente Médio, como os
sírios e libaneses, como os africanos e haitianos.
Nesses abrigos os imigrantes passam a viver em
condições sub-humanas, pois tratam-se de lugares superlotados, não há banheiros
para todos, faltam produtos de higiene e alimentação, os responsáveis pelos
abrigos reclamam que não recebem apoio do poder público e apelam para a boa
vontade da população em ajudá-los a sustentar a obra de caridade, porém mesmo
sem condições todos os dias acolhem dezenas de imigrantes que pedem abrigo.
Já foi divulgado pela imprensa que o governo da ordem
explícita a estas entidades para que somente os haitianos recebam aulas de
português e que seja concedido a eles, imediatamente, o visto de permanência,
sendo necessário somente preencher um questionário, e que as agências de
emprego os procure para ofertar-lhes trabalho, enquanto para os africanos e refugiados do Oriente Médio a
exigência é maior para obter o visto de permanência e são excluídos do plano de
ensino da nossa língua nativa. Agora questiono: Porque tamanha discriminação
para com os outros? Não seria correto que todos recebessem o mesmo tratamento?
Da mesma maneira que os haitianos precisam e tem
direito de reconstruir as suas vidas em terras brasileiras, os refugiados de
guerras e os povos da África também têm, na declaração universal dos direitos
do homem, no artigo 1º diz que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns
para com os outros em espírito de fraternidade”. Ao analisar este artigo, chega-se a conclusão que o governo
brasileiro está infligindo a declaração ao favorecer somente uma nacionalidade
e ele deixa de lado a sua ação fraternal para com os outros imigrantes ao
dificultar a emissão de visto de permanência e ao “discriminá-los” ao
determinar quais são os povos que serão preparados para viver no Brasil.
É considerável a ideia de criar um controle de
entrada de imigrantes que pedem abrigo em nosso país, entretanto há outras
maneiras de fazer essa triagem sem desfavorecer outras nacionalidades. O Brasil
não pode se comportar como um país que faz distinção de povos, pois isso não é
atitude de um país que visa fortalecer a tão badalada democracia.
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